domingo, 4 de outubro de 2009

Festival do Rio? Não. Do Paraná!

Bem mais modesto que o evento que ocorre na capital fluminense, o Festival do Paraná de Cinema Brasileiro Latino chega a sua quarta edição. A partir desta segunda-feira (5), e até o dia 11, no Teatro Oscar Nieyemer o visitante poderá desfrutar gratuitamente das atrações do festival.

Na mostra oficial serão cinco longas nacionais, cinco estrangeiros e quatro paranaenses (quase todos inéditos); e dezenove curtas.

FILMES DE LONGA METRAGEM NACIONAIS
Pau Brasil (de Fernando Belens), Sem Fio (de Tyaraju Aronovich), Um Dia de Ontem (de Thiago Lucano e Beto Schultz), Brasil Santo – Retratos da Fé (de Gil Baroni e Monica Rischbieter) – (Doc.), Utopia e Barbárie (de Silvio Tendler) – (Doc.).

FILMES DE LONGA METRAGEM LATINOS
Cemitério de Elefantes (de Tonchi Antezana) – Bolívia, Prisão Domiciliar (de Gabriel Retes) - México, Terra Sonâmbula (de Tereza Prata)- Moçambique, Almoço de Agosto (de Gianni Di Gregório) - Itália, Bosque (de Paulo Siciliano e Eugênio Lasserre) – Argentina .

FILMES DE LONGA METRAGEM HORS CONCOURS
Em Teu Nome (de Paulo Nascimento)

MOSTRA PARANAENSE
Helmuth Wagner - Alma da Imagem (de Ingrid Wagner e Fernando Severo) - (Doc.), Morgue Story: Sangue, Baiacu e Quadrinhos (de Paulo Biscaia), Amadores do Futebol (de Eduardo Baggio) - (Doc.).


Haverá ainda, paralelamente, as quatro Mostras:
-Leon Hirszman, grande figura do Cinema Novo, de que será exibido São Bernardo, Eles Não Usam Black-tie e ABC da Greve.
-Pietro Germi
, célebre cineasta italiano, com Aquele Caso Maldito, Divórcio à Italiana, Seduzida e Abandonada, Senhoras & Senhores e Caros Amigos.
-Eros Inteligente, filmes de Genet (Un Canto de Amor), Russel (Mulheres Apaixonadas), Bertolucci (Último Tango em Paris), Cavani (O Porteiro da Noite), Oshima (Império dos Sentidos), Pasolini (Saló ou 120 Dias de Sodoma), Almódovar (Matador), Annaud (O Amante), Malle (Perdas e Danos), Polanski (Lua de Fel), Leven (Don Juan DeMarco), Greenaway (O Livro de Cabeceira), Kubrick (De Olhos Bem Fechados), Antonioni, Soderbergh e Kar-Wai (Eros), Ferran (Lady Chatterley).
-Infantil, seis curta-metragens: quatro animações e duas ficções.

Além de palestras: com a atriz Fernanda Montenegro; sobre "Técnicas de Direção", com Luiz Carlos Lacerda; "Capacitação em Elaboração de Projetos Culturais / Lei Federal de Incentivo à Cultura – Lei Rouanet", com Antonio Leal
e seminários sobre o cineasta Chris Marker, com Robert Grélier.
Para estas, as inscrições deverão ser feitas previamente pelo site: link

A programação completa do festival: aqui ou aqui

Maiores informações no site oficial do evento
www.festivaldecinema.pr.gov.br


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O blog não foi abandonado. Faltava mesmo era tempo para postagens.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

A gripe na programação cultural

Não postei sugestões na semana passada por causa da tal gripe A. Se nos deram, ainda que a contragosto, duas semanas de recesso, é para evitarmos aglomeração de pessoas, multidão, principalmente em locais fechados. Seria um contrasenso deixar de ir à aula e frequentar cinemas, teatros, festas, shows.
Se quisermos algum entreterimento cultural fora de casa que os busquemos em lugares abertos. A Bienal VentoSul, como indicou a Audrey, torna-se uma boa opção.

A 5ª Bienal Latino-Americana de Artes Visuais – VentoSul, acontecerá em Curitiba de agosto a outubro de 2009. A curadoria geral é dos críticos de arte Ticio Escobar e Leonor Amarante. Um Conselho Consultivo formado pelos experientes críticos de arte Fabio Magalhães, Fernando Cocchiarale, Ivo Mesquita, Justo Pastor Mellado, Andrea Giunta, Tereza de Arruda e Berta Sichel contribuirá com a curadoria geral. Os artistas selecionados ocuparão vários espaços museológicos da cidade e também ocorrerão obras em parques, praças e outros espaços públicos. Paralelamente à inauguração na cidade de Curitiba, celebrando a criação da Universidade Federal da Integração Latino-Americana – Unila, um módulo especial do evento acontecerá no EcoMuseu da Itaipu Binacional em Foz do Iguaçu, cidade sede da Unila. Com o título: Água Grande: os mapas alterados, a 5ª edição da Bienal VentoSul reúne obras de artistas de 29 países dos cinco continentes; De diferentes partes do planeta: norte e sul, centro e periferia, pólos frios e quentes, Primeiro e Terceiro Mundo. Os lugares de procedência geográfica dos artistas são considerados lugares de diferentes enunciações e sinais de diversidade, mas não como índices de lugares geográficos fixos. Propõe-se, assim, um recorte na produção contemporânea internacional. Os artistas e obras selecionados seguirão diretrizes de questões levantadas sobre dois importantes temas da atualidade: a água e os mapas. Além das exposições, incluindo salas especiais, acontecerão também encontros de críticos de arte, palestras de artistas, palestras de convidados, a mostra “VentoSul: Vídeos de artista”, ações performáticas, e um abrangente projeto educativo. Será editado um catálogo com mais de 400 páginas, contendo textos sobre os artistas, currículos e imagens das obras. Após a realização da Bienal nas cidades de Curitiba e Foz do Iguaçu, obras e eventos específicos percorrerão importantes cidades do Brasil e do exterior.

Maiores informações, como a programação, você encontra em www.bienalventosul.com.br

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Dicas culturais da semana, 24-30/07

Como anunciado, pretendo recomendar alguns eventos que acontecem na semana. Prioritariamente em Curitiba. Tenho minhas dúvidas se isso será de alguma valia, mas vou levando. Confiar cegamente no que indicarei realmente não parece ser sensato. Sugiro então que se tiver algum interesse em algo sugerido procure mais informações. Para não colocar a sua conta e a minha em risco (hahaha).
Deixo um link ao lado de cada sugestão contendo sinopse, localização, data e custo. Tento priorizar as opções de fim-de-semana e mais em conta.

Cinema
Apenas o Fim, de Matheus Souza. [informações clique em: +]
Inimigos Públicos, de Michael Mann. [+]
Sinédoque, Nova Iorque, de Charlie Kaufman. [+]
Horas de Verão, de Olivier Assayas. [+]
Prisioneiro da Grade de Ferro (Auto-Retratos), de Paulo Sacramento. [+]
A Morte Inventada, de Alan Minas. [+]

Teatro
Romeu e Julieta - espetáculo Teatral (ACT), no Guairão. [+]
Será um espetáculo com entrada franca, como tradicionalmente proporciona o Teatro Guaíra no último domingo de cada mês. Vai ocorrer às 11 horas. Chegando uns trinta minutos antes dá para conseguir um ótimo lugar. Segundo a própria sinopse disponível, o espetáculo é direcionado à adolescentes. Como não o vi, não sei o que esperar. Mas acho que não vão chegar ao ponto do casal ser "emo" e a trilha NxZero.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Resnais ou o documentário político

O ano da França no Brasil está rendendo variadas atrações culturais. Pena grande parte delas ocorrerem, como tradicionalmente, no eixo Rio-São Paulo. Contudo, essa semana houve na Cinemateca de Curitiba a Mostra Alain Resnais.
Cineasta de grande destaque, ainda está vivo e produzindo. O Festival de Cannes desse ano exibiu o mais recente longa do francês. Segundo a crítica, o velhinho desbancou muitos dos jovens diretores com um filme à Nouvelle Vague.
Em cartaz na Cinemateca estavam boa parte dos mais representativos filmes do diretor. Na ficção: Hiroshima, meu Amor, um dos principais filmes do cinema, inovador na estética, roteiro e interpretação dos atores; O Ano Passado Em Mariembad, que mexe no espaço e tempo da narração. Foram exibidos também Meu Tio na América, Stavisky ou o império de Alexandre, Muriel ou o tempo de um retorno.
Fui na quinta-feira, no último dia da Mostra, para conferir cincos curtas e média metragens documentários.
Sobre alguns deles é que vou falar um pouco mais detalhadamente.

Guernica

Com a narração de um poema, tomando como base pinturas, desenhos e esculturas de Picasso - principalmente a famosa tela homônima - e utilizando imagens da cidade destruída, Resnais documenta a devastação e o sofrimento ocorridos em Guernica, em 1937.

Como sabem da história, a tradicional capital basca sofreu um bombardeio teste, pré-segunda guerra. Com a conivência do general Franco, os alemães testaram as armas aéreas contra a população durante a Guerra Civil Espanhola.


A tela de Picasso, como podem ver acima, mostra a confusão e horror em forma distorcidas. A lâmpada elétrica representa o relâmpago da explosão. A mulher, com a cabeça lançada para trás, grita, gesticula ao mesmo tempo em que segura o bebê inerte. Derrotado, o patriota aparece no primeiro plano com a espada quebrada. Alguém corre para a multidão. Uma casa desmorona.
Alternando de planos e focos na tela, com um ritmo diferenciado na leitura do texto e diferentes modulações sonoras o diretor reforça a carga trágica do fato.
Impressionam a Guernica de Resnais e Picasso por serem protestos pessoais que têm abrangência e significado coletivo.


As estátuas também morrem


O início do documentário, ao espectador mais desavisado, pode parecer um ensaio sobre a arte africana. Ainda mais pela admiração do diretor pela arte e a influência das mascaras africanas na arte moderna (no Cubismo, na figura de Picasso, principalmente).
Mas a película não é nada disso. Condena contundentemente o colonialismo e racismo europeu.
Tanto que foi proibida na França entre 1953 e 1963 através do Dectero Laval. Esse mesmo decreto impedia a filmagem pelos próprios africanos, configurando um obstáculo a cinematografia do continente.
Com uma narrativa irônica e crítica, passam na tela cenas de pessoas, artistas e esportistas negros em confronto e fuga. Opondo sempre etnias, colonizador e colonizado. Uma crítica devastadora ao Ocidente.


Noite e Neblina


Sobre o Holocausto é uma obra que não se pode ignorar. Seja cinéfilo ou não. Ou seja, se vive é preciso que veja. François Truffaut disse que é uma "aula de história cruel mas merecida".
O documentário de 32 minutos foi feito para celebrar os dez anos da liberação dos campos de concentração e homenagear as milhões de vítimas.
O cineasta foi convencido de filmar ao ser apresentado ao poeta Jean Cayrol, um sobrevivente de campo de concentração. O músico Hanns Eisler compôs a trilha sonora. Resnais passou a coletar imagens de cinejornais, fotografias e todo tipo de documento que mostrasse os campos de concentração, dentre eles Auschwitz e Sachsenhausen.
Opõem-se as atuais gramíneas verdes e o céu azul, quase pastoris, ao horror do cadáveres que ali estavam a apenas alguns anos. Misturam-se as filmagens atuais com as históricas.
Descreve pormenorizadamente desde a construção dos campos de concentração, passando pelo cotidiano que ali existia até a extinção. Toda a desnecessária desumanidade nazista está ali: experiências, (…), a irracional acumulação e a organização do extermínio.
As vítimas são exibidas desde o embarque nos trens até o genocídio, cremação, acumulação de cadáveres.
Imagens atuais mostram os dormitórios, as salas de experiências, as câmaras de gás com as marcas das unhas das vítimas no teto, os fornos.
Mostra os julgamentos. Os Capos e oficiais dizendo não serem os responsáveis. Mas quem são então os responsáveis, o filme questiona e nós nos questionamos.
Expostos ao máximo da constante oposição e do temor do antigo e nefasto contra o colorido e vivo o documentário termina num questionamento e reflexão: “Ainda existe os que olham sinceramente para estas ruínas como se o antigo monstro dos campos estivesse morto por debaixo dos escombros, que fingem ter esperança à frente desta imagem que se afasta como se curasse a peste totalitária. Nós que fingimos acreditar que isto pertence a um único tempo e a um único país e que não olhamos à nossa volta. E que não ouvimos que se grita sem fim."

terça-feira, 30 de junho de 2009

Baita projeto antigo

Dei uma chance ao twitter e acabei notando que 140 caracteres é pouco. Não que eu seja prolixo. Mas uma frase ou meia por vez não parece conferir continuidade.
E claro, se for para escrever para mim mesmo que seja algo aproveitável.
O assunto aqui deve ser majoritariamente cinema. Talvez sobre outra arte e alguns aforismos.
Tenho noção do pouco de conheço sobre os assuntos que vou versar. Sei que muitos já escreveram sobre e, portanto, não ignorarei essas vozes. Com as merecedias referências, obviamente.
Pretendo postar algumas dicas do que está em cartaz nos cinemas e de eventos culturais em Curitiba.
O título do blog vem dos pensamentos de Ozu. Sobre ele e suas obras haverá, espero, vários textos aqui.